terça-feira, 24 de novembro de 2009

Acheron

A sad sad song
A sad sad song

Why did I stay?
Right now, obviously, I should be moving on
I'm able to do this now. But, should I?
I don't hope you give me an answer.

"You’re the most motherfucker of all. And I'm the most jackass".
I laughed, then I cried, then I laughed crying.

I've been killing you since you made me die.
Now, I'm resurrecting you from my hades, but, could you do the same with my soul?
I don't think so.

Let’s give falsehood for our time, let’s give it all we have, let’s do some time prayer, andlet’s mask some hope that maybe is still in our iris

'cause I'm not Jesus, and you are no the same, I can't give you life, and you will never be this hero.

So lets us fall in Seol, lets us dry the Tanatos tear, let’s win his kiss and stop with all these crap that we do with each other.

Because we are not Jesus, and we can not resurrect each other, but we can slay, and more than anything, we can die, I know, we die.




comecei a escrever isso e pensei que poderia se tornar uma música. pensei até no rítimo e na melodia. Quem sabe um dia não se torna mesmo uma canção?

quinta-feira, 19 de março de 2009

Caderno litúrgico

Eu sempre pensei que seria diferente, mas acabei por ser eu mesmo, e sempre quis sê-lo, por mais que em todo o tempo que era e sou, mantivesse-me pensando que seria alguma outra coisa.Mas se sou alguma coisa, a culpa é do que fui e do que era, porque o passado é irremediável e real, ainda que reinventado nos rios e afluentes da minha memória, e ainda que necessariamente recriado, tento não modifica-lo racionalmente, não, o aceito como meu, e o amo, assim como amo tantas das coisas. Uma questão de fé me ensinou que amar é. E sei que posso fazer uma profissão de fé, dessa amante fé.Das eras de quando era, foram permanecendo alguns teimosos pingos, que se somaram em uma tempestade última, essa que passou e foi pro norte. Mas me banhando nessa chuva de vidas e vidas minhas, sei apenas que vivi, não sei desde quando, mas quero dizer que o futuro é inacessível e talvez até neguem-me sua existência, mas o samba já valsado ninguém me tira.Quero dizer que em algum lugar o fim faz-se deus, afinal, a crença inegável é a de que há o fim, mesmo que se recomece um milhão de vezes, mesmo que se nasça, nasça, nasça, etc. Porque eu estava moribundo, mas na curva a morte chegou, e eu amanheci finalmente. Ah, alvorada! Ah, amores meus, não fechem os olhos perante esse deus finalizador, porque ele é bom, é justo, e lhes tira a impossibilidade de ressurreição, assim que só esse Fim é quem lhes pode parir.Sigo então, sem nunca negar daqui pra frente nada do que o senhor Fim me deu, sem esquecer os passos do samba valsado e sem nunca deixar de dizer que amo, ah, como amo, e que nenhum amor meu jamais foi tocado por deus – esse de quem estou falando – porque meu deus aqui toca apenas em mim, mas meus amores foram e são (não tenho o direito de dizer que serão) intocáveis, simplesmente porque eu tenho fé, eles não têm fim nem Fim, mas se encontram, se transformam e se reconhecem aqui dentro do que eu nunca achei que seria, mas que graças ao deus sou.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Rosa mística

Os amigos estavam preocupados com M.F, cada dia se mostrava mais magro e viciado em remédios para dormir. Estava pesando menos de cinqüenta quilos, e para um homem de mais de um metro e setenta e cinco, esse peso era sinal de uma doença segundo o médico do pronto socorro que o atendeu na quinta-feira em que desmaiou subitamente.

É mesmo assim: uma pontada, um visgo de amargura, ou de insegurança e começa o riso. Rio amaro que prepara o banquete.

Na casa da mãe sempre comia o que lhe era servido. Nunca falava à mesa, respondia sempre que lhe faziam uma pergunta com um aceno de cabeça.

Porque me preocupo com aquilo que não faz parte de mim, mas infelizmente eu não me satisfaço apenas de mim, se conseguisse viver só de ego, eu praticaria algum autocanibalismo versátil: num dia um pedaço de perna, noutro um cozido de olhos, e aos domingos um jantar com cérebro assado e coração ao vinho branco. Mas do físico mesmo não posso comer.

Omeoprazol ajudaria com os vômitos. Mas precisaria procurar um psicólogo, seu grande problema era de fundo emocional, lhe dizia a mãe, sempre que o via.
Saiu cedo para ir ao médico. No meio do caminho viu um anúncio, no qual se vendia uma vitrola de discos de vinil.

E sinto, e quero que todos e tudo ao meu redor me atinjam, e me firam de morte muitas vezes, retalhando os pedaços da carne, do espírito, do desejo, para eu me nutrir.

Rio discretamente, pegou o celular e discou para o número no anúncio, em menos de uma hora estava num antiquário do centro comprando o aparato. Aproveitou também para comprar alguns vinis.
Voltou para seu apartamento, instalou rapidamente a vitrola e passou toda a tarde ali.

Daquele riso, que parece sair com naturalidade e furor, fica em mim, na verdade, o emblema das rugas que me faz nos olhos. São meus dentes amarelos tentando morder um pedaço de alegria, espostejando o mínimo deste ser amoroso, mas quando sento à mesa com o homem sorridente,vejo um desespero manho, tamanho desmentido, desmedido é ele em mim.

Alguma canção passava por sua cabeça, mon amour, ele repetia. Mas na vitrola tocava Beatles. Because, era essa a música.
Enquanto repetia o estribilho em voz baixa, se curvou e tomou da estante um bíblia que sua mãe havia deixado. Abriu no evangelho de Marcos.

Um pouco alcoolizado de entusiasmo, claro! Um entusiasmo divino, assim existe, só, na crença e na vontade empírica. Meu Deus existe.
Rogo para estar sempre gozando. Que meu sexo não me aflija mais que meu amor e que o gemido seja ouvido como canto de louvor. Orar antes das refeições faz bem para a digestão.

O peito dele palpitou, Golden Slumbers tocava, ele pensava numa canção da infância, uma qualquer dessas que as mães gostam de cantar para os filhos, mas só conseguia se lembrar da melodia e a confundia com as palavras "and I will sing a lullaby".
Fechou a bíblia, caminhou até a porta do apartamento, deu meia volta e entrou no banheiro. Alí sentou-se e calou-se, e tocava Beatles, e morreu ali mesmo, com oitenta e dois anos.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Ontem

Não vou dizer do imutável porque isso é burrice. Nem lamentar sua imutabilidade, porque isso é pequenez. Advirto que o tempo é cheio de pormenores que se escondem entre os segundos, e aí é que estão guardados os meus tesouros.
Confesso que gostaria de ter mais ódio, porque ele seria a maneira mais certa de manter a consciência e a identidade que sempre me fogem. O oposto é terrivelmente estático, mas não creio que imutável, porque eu não sou burro.
Esses dias me apresentei ao espelho. Eu conheço e reconheço muitas vezes meu torpe olho esquerdo. É o lado esquerdo esse maldito hemisfério quente que de tanto afago faz delirar.
Essa febre está me dando calafrios, sinto, no meio do calor desse trópico, um frio cru. Preciso matar um leão, arrancar-lhe a pele e me aquecer.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Quanto custa o balão de oxigênio?

Reparei, e não faz muito tempo, que existe certo tipo de vontade geral de não ser. Ou pode-se dizer de uma vontade de ser ninguém. Absolutamente, todos nós tentamos afirmar nossas personalidades complexas e únicas, que são baseadas nas vivências múltiplas de nossas histórias de vida, e sobre estas, os anseios se argumentam nas frustrações e perdas muito mais que em qualquer alegria. Há uma melancolia generalizada, mesmo que disfarçada na maioria das personas.
Eu, Diego, penso então que essas farpas que me disparam, com o tambor dos olhares, dos dedos, e sobre tudo, da boca são ligeiros flashes de alguma vontade velada. Corrompidas lascas transgressoras da vida morta. Inseminação artificial da vida em quem não é morto, mas morre. (E como morre! Morre muito, morre ulteriormente, superficialmente, neuronicamente, capilarmente, morre tudo muito!). É claro que a primeira reação que tenho é a raiva, mas tão logo ela desaparece, porque eu me questiono que também sigo o fluxo geral como qualquer um, e só não digo que sou como qualquer ser humano porque isso seria um pecado original. Sou diferente, único, e ninguém pode me conhecer de verdade. Nem eu mesmo. (Ó mundo, vasto mundo)
Mas certas músicas parecem tocar para minha dança. E na dança dessa gente como eu, reafirmo, o passo é marcado em compassos enclíticos. Um, dois, um dois, um, um, um. Nas razões verdadeiras – porque razão é razão – da nossa jovialidade tão bonitinha, tão festejadinha, tão macaquinha, preferimos nos defrontar com a carne do conhecimento de Proust e de Verlaine, de Shakespeare e de Homero, de cada mãe e pai, mas nunca de seu – meu – cérebro. A sorte é que sentimos mesmo com o cérebro e o coração não passa de uma bomba.
Pois que identificado, para mim apenas, já que minha idéia não vale nada – se afirmasse que vale muito, destruí-la-ia – que há algum vapor barato no ar, difundindo a loucura comprada ou baixada em arquivos compactados, resta-me arrumar um balão de oxigênio, e sair por aí dando a noticia que há uma epidemia. Que a peste veio para nos fazer pagar pelos muitos pecados cometidos. Mas prefiro ficar doente, afinal, se são ficasse, me chamariam de louco narcisista, e eu tenho medo de não ficar louco.