quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Concepção, amestramento e ascensão do Imortal

Doloroso e trabalhoso é se despir.
Chegar ao zero, subtrair-lhe, para obter-se.
E não há mais tempo para mim, neles.
Não há energia e a simbiose não mata minha fome.
Estou anêmico do meu estado de ser.

Nascer-se é muito difícil.
É um parto oblíquo, uma dor indulgente.
Bisturi anti-anestésico.
Dar a luz à base de canibalismo.

Mas se há o parto,
Há o pai, o filho, e a trindade.
Hosana, hosana somos nós.
E pela indulgência da dor alcançada,
Sou fiel pregador dessa ego-religião,
Beato, santinho, sentinelazinha risonha.

De boca rançosa e língua pálida
Eu já bem deveria saber sê-lo,
Mas não tenho estado de nada, nem de cadáver
Não advogo por essa intangível bem-aventurança.

Flutuo nas minhas espumas
Danço a ultima valsa
E finalmente, quando quase purgado por inteiro,
Insemino-me de espírito, falo Amor.
E nesse fabuloso plano,
Sigo expirando, eternamente inexistindo.

7 comentários:

Anônimo disse...

Adoro a mistura de interior carnal e metafísico ao mesmo tempo...

Duas leituras de eu interior na mesma poesia, rs...

Insisto: é extraordinário

bjs

Petê Rissatti disse...

Sem análises teóricas: tocante. Você já experimentou fazer algo assim, mas com mais sensualidade? Acho que ficaria bonito.

Simples e despretensiosa opinião...

Besos

Anderson Lucarezi disse...

Quando leio esses textos seus, lembro da CL.
É inevitável. É algo de "tato" mesmo, de entrar em contato físico com a realidade imagética do texto. Dá uma sensação assim..., sei não mas acho que a melhor definição é a de que "me dá coisas".
Enfim, não pare, né.
um beijo,

Luca!

Sinayoma disse...

Eu sempre fico ao que seus textos trazem...em mim eles costumam cair como luva. Não de temas comuns aos homens, mas porque dizem de forma velada-explícita como só vc conssegue. de uma sensualidade incrível que eu não consigo desenvolver, mesmo que tente. Quando tento penso estar chulo e vulgar. Não vulgar do modo comum. Do meu vulgar analitico, difícil de compreender!
Enfim, espero que vc continue sempre enfeitando a nossa vida!

bjos enormes

Felipe disse...

Seus poemas como a Gabi disse trazem uma mensagem muito forte.
Continue escrevendo coisas assim!!

Abraço!!

Ingrid disse...

aaaaaaaaaaaaaaaaaadoooooooooooorei!

Natália Nunes disse...

Oi, Diego

cheguei aqui distraída, sem querer, estava apenas a passear...

Mas, caramba! Como suas palavras são boas!
De cara, já gostei da Clarice ali em cima (é, amo-a, amor póstumo, eu sei, mas não tardio).


Olha, você vai me dar licença, mas eu vou voltar mais vezes, gostei dmais disso tudo aqui. Tô tonta, rapaz, tontinha!