domingo, 28 de setembro de 2008

Cantarolação

No compasso hermético das indecisões eu canto.
Infalível é o dó maior, seguro na garganta
falível, ré menor dissonante na melodia.

Crispa forte a pigarra cigarreia,
no meio do ar saindo:
Cuspidela em nome do amor, Insensatez e
Chega de saudade.

E na rua, ouve-se o canto magro e alto,
canto que quase veste chapéu.
O canto do (a) passante.

Enquanto mente, sã - (o)
O corpo é do cristo, não cristão é o canto.
Mas é etéreo o som que some e se renova,
que reverbera como uma palpitação sórdida
dessas que se tem no momento do pecado original.

Segue o murmúrio gutural até o final da letra esquecida
Sem badabadás, sem abadá e sem santinho do Bonfim.
A cena é do herege que canta e mente,
mas que ganha a benção do humano ser-se,
e assim a canção não poderia ser outra.
Era tom baixo, do alto calão do lirismo bem quisto
a canção era (é) de amor:
Ah...

2 comentários:

Tiago Soarez disse...

Muito bom mesmo!

Gostei demais!

Parabéns!

Sinayoma disse...

Voltou com a corda toda, Di!

Passo sempre aqui agora!

beijos, querido!