sábado, 15 de dezembro de 2007

Amálgama

Andei pelo quarto, esbarrei algumas vezes no vingativo pé da cama. Sentei-me, levantei-me e chorei sem parar. Procurei no espaço alguma porta para sair, mas eu só via a janela, a janela do sexto andar e eu não estava animado para suicídio aquele dia. Rotina.

Não sei como entrei ali, mas sabia que me odiavam, porque só se prende assim a quem se odeia.

Tinha a impressão que nasci ali dentro mesmo. Que depois de me parir, mamãe saiu a se aventurar pelas vias breves e sonoras do ar, e nunca mais voltou.

Depois de limpar os olhos, observava minhas pupilas, tão verdes, como pitangas novas no pé, e eu era homem maduro, parado de frente de si.

A solidão e o tempo atemporal me permitiam coisas descabidas. Nesse dia tive a idéia mais real de minha vida: colocaria um espelho em frente a outro. Coloquei. Refletiram-se, eternamente, inevitavelmente. Cuidei para que não quebrassem com o movimento, e pronto, estavam em posição, encarando-se.

Tentei em algum momento enxergar o fim, mas era infinito o reflexo. Começava e terminava-se em si mesmo, e ao mesmo tempo era dependente do outro, no outro. Refletiam-se descontroladamente, paulatinamente, mas refletiam a nada. Foi aí que caminhei alguns instantes na direção daquela imagem e pude ver as pitangueiras no parque. Que lindo lugar, ar puro, verde. Mamãe me pegou pela mão andamos até o lago. Eu respirava fundo, lambia uma lágrima e amava.

sábado, 3 de novembro de 2007

Speak to me, breathe - 3:59

Vivíamos em uma casa que mais parecia um porão. Na verdade, era de fato um: ficávamos na parte de baixo de um sobrado. Na parte de cima morava a dona de todo o edifício com seus filhos e cães, e nós no espaço inferior, que se dividia em um quarto-sala, onde dormiam meus pais, uma cozinha estreita e o quarto onde dormíamos minha irmã e eu. O lugar era todo retangular: os quartos nas pontas e a cozinha no meio, servindo também de hall. De frente para nosso quarto, meu e de Tata, estava o banheiro: um corredor claro, de azulejos amarelos e louça branca.
Eu passava horas sentado no chão, encostado em minha cama. Era início dos anos noventa e os aparelhos eletrônicos eram novidade. Não se falava em cd e a idéia de computador era muito distante, completamente industrial. Havia uma vitrola-maleta em meu quarto, uma vitrolinha velha, que me acompanhava nas tardes, perdida entre jogos Lego de montar, bonecos de super-heróis e as barbies que roubava de minha irmã. Nessa vitrola eu escutava alguns vinis que tínhamos em casa. Às vezes tocava algumas músicas infantis, mas o que eu mais gostava eram os vinis de musica estrangeira, com as cores fortes das capas e as palavras estranhas que se misturavam ao som picante e convidativo. Brincava com as vozes e com o ritmo, acelerando e desacelerando a rotação do vinil. Sentia-me em paz com a minha vitrola, os blocos de montar e os bonecos, mas tinha que roubar alguns pregadores de roupa de minha mãe, para completar o arsenal.

As brincadeiras da tarde eram as horas mais alegres do dia, mas também as mais cínicas. (Há maior cinismo do que anunciar o óbvio por vir?).

O pequeno vitrô do meu quarto dava para um corredor que pertencia à casa de cima e minha cama ficava encostada à parede, em baixo desse vitrô. A noite entrava e eu demorava muito para dormir, minha irmã me mantinha acordado: - Tato, você está acordado? Eu respondia que sim. Ela vinha então e reacendia com a réplica: - Quando você dormir, me avisa? Às vezes respondia que sim, outras vezes fazia um "aham". Ela sempre dormia antes.

Os cachorros da casa de cima tinham uma insônia maior que a minha e, com suas sombras, passavam a noite marcando território nas paredes de nosso quartinho. Isso quando não colocavam o focinho nas aberturas do vitrô. Minha irmã entrava em pânico sempre que isso acontecia. Aqueles cachorros foram os primeiros seres que eu odiei na vida.

No meu aniversário de cinco anos resolvi que teria uma festa só minha, uma festa noturna. A idéia foi deixar a vitrola tocando até que eu dormisse, e depois, como o vinil acabaria antes da noite, de manhã mamãe não perceberia nada. (Virei homem).

Enquanto minha mãe ralava cenouras na cozinha, para a salada do jantar, fui até o armário de discos de papai e peguei o de capa de arco-íris, enquanto Tata montava guarda na porta. Voltamos para nosso quarto sem que mamãe percebesse. Escondemos o vinil sob a colcha da cama e esperamos a noite. Faríamos uma grande festa. Até então, havia sido a única noite que eu esperei com ansiedade.

Passava das vinte horas, esperei que meus pais fechassem a porta de seu quarto. Dei o sinal para Tata, que abriu a vitrola, e então coloquei o vinil da capa de arco-íris. (Tão legal).
Ela dormiu. Eu me aventurava com alegria. Começou a tocar os meus segundos preferidos da canção, eram estranhos e inconfessáveis. De repente um latido rasgou a perfeição em que se encontrava o ambiente. Meu coração pulsou forte de raiva daqueles cães. Mais latidos. Tata não se mexeu na cama. Já me levantava para fechar o vitrô quando de repente o latido se transformou em choro e a cabeça preta do cão entrou de solavanco pelo vão e na mesma velocidade saiu. No susto voltei a me deitar, segurando forte com as pernas meu segundo travesseiro. Tentava não olhar ao mesmo tempo que os olhos corriam para o vidro sujo de vermelho. O som quebradiço se repetiu algumas vezes, e se misturava à canção. Esforçava-me para não perder nenhum lance, e tive a sensação que os sons que saiam das topadas no vitrô sempre estiveram na melodia, entremeados naqueles segundos favoritos.
O vulto negro topava contra o vidro. Novamente espremeu a cabeça dentro do meu quarto, com o focinho escancarado, a boca fechada e a língua mordida para fora, pingado baba e sangue. Olhei fixamente para o cão. Ele se desculpava, mas eu não me movi. No focinho, as narinas se abriam e fechavam com esforço, suadas. Ele me pediu um copo d ’água. Não me movi.
O outro cão rosnava bravamente do lado de fora. Eu ouvia o som que as unhas do animal faziam no chão de ladrilho, e tudo se encaixava na canção, tudo era maravilhosamente sonante e a cadência era perfeita. Tuco calou. Tata gemeu alguma coisa que não entendi. Depois devo ter dormido. Nunca mais tive insônia.

sábado, 20 de outubro de 2007

Camaleão claustrofóbico

É, um buraco.
Estou quebrado.

Está desrecuperado duas vezes.

No vazio
corre como uma barata
desvia desvia
Pisão: Dilacerada.

No vácuo
Paro como um bicho,
tento me camuflar,
Camaleão se olhando no espelho.

A gente é arrebatado por um desespero manho, calado,
claustrofóbico dentro da própria pele.

Quer gritar: vento.
Oco infernal.
Quero gritar e o grito não sai!
Oco na alma.

Outro sorri e cada dente se torna lança,
atravessada, diagonal, construindo mentira.
Lábia.

Mas a palavra é anfetamina.
Fabulosa criação, inventa o ar, rasga o espaço.
E graças a ela a gente respira.

Respira.
Acuado, camuflado.
No núcleo último da pessoa,
onde só nós estamos.




Esse poema foi escrito por mim e por Fernando, meu amigo. Escrevemos juntos porque acho que estavamos sentido algo parecido, tivemos uma idéia parecida. Na verdade estavamso conversando pela internet, e muitas das frases do poema foram surgindo durante nosso papo. Decidi juntar as frases, porque achei que elas tinham força, criavam imagens bonitas, depois disso trabalhamos em outros versos, até chegar no que está publicado acima. O poema foi públicado originalmete no blog "Coletivo Mário de andrade". Não sei se ele está pronto, pode ser que modifiquemos algo ainda. Mas por hora, achamos que ele está onde deve estar.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Simbionte

A casa de janelas cansadas não bastava, nem a cerca, nem o jardim. Tudo ali era desinteressante, fraco. Por fora a casa era obesa, seus quartos eram desnutridos, na cozinha havia apenas facas, gelo e um filtro de água e para comer só caldo ralo. Viver ali doía: Pisar naquele chão de cacos, dormir numa cama de um prego só. Era inevitável que renegasse sua morada.
Então decidiu que viveria numa casa alheia. A busca foi rápida, achava que qualquer casa seria melhor que aquela que o espostejara toda a vida.
Passando por uma rua clara e um pouco barulhenta viu de longe um casarão pintado de vermelho vivo, correu até ele e entrou. O lugar estava cheio, mas ele adorou, então resolveu ficar, sem avisar os donos, sem pagar aluguel, ocupou silenciosamente. Nos primeiros dias foi feliz como nunca fora, balançar-se na rede o fazia recordar sua mãe, quando o ninava antes de dormir, dormiria adulto pela primeira vez.
Estava ficando mais corado, os dias iam passando e ele tomando corpo. Mas não podia ser visto pelos outros moradores ou então iam expulsá-lo e ele não teria pra onde ir, senão voltar pra sua casa miserável.
Passados outros dias ele já não conseguia comer nem dormir. Não havia tempo, tinha de se esconder sempre: Saia de trás da porta para baixo da cama, corria pelo corredor, se enfiava no vão da pia. As crianças estavam acostumadas com esses lugares secretos, eram seus cúmplices em seus castelos de pique - esconde. Mas os adultos não teriam piedade na tortura, então ele fugiu.
Frustrado com a fuga e com medo, ficou prostrado na frente da casa em que não cabia, era doloroso demais ter que regressar. Mais cedo ou mais tarde as paredes engordariam tanto que morreria sufocado durante o sono, era o que ele pensava. Gritou duas vezes: - Qualquer uma, menos você!
Quantas casas? Mil fugas era a resposta aproximada. Algumas vezes chegou a ser descoberto, trocou tapas, socos, tiros até, com os donos, mas sempre fugiu.
Pensava em voltar, mas sua casa estava cada vez mais longe, na verdade nem sabia mais o caminho de volta e o medo do retorno era maior que o sofrimento das fugas.
Naquela cidade, a noite era habitada por todos os monstros mitológicos, e não havia cidadão que se atrevesse a dormir na rua, pois uma vez apaixonado por um dos monstros, a morte não tardaria cinco dias.
Eram seis da tarde e o sol estava baixo. Ele nunca havia demorado tanto para encontrar pelo menos um casebre, mas já estava ficando sem opção e a cidade estava de sobre aviso a respeito de suas invasões.
Começou a correr, a noite vinha, dois minutos. Desceu a ladeira da rua velha, cortou em dois movimentos a praça central, viu uma mureta branca com um portão de madeira no centro. A mureta era muito alta, não conseguiria pular e, se arrombasse o portão, seria descoberto. Mas não precisou: O portão estava fechado com uma tramela, colocada do lado de fora.
Era a casa mais linda que já havia visto, gigante, portátil, luxuosíssima. Tomou cuidado para que ninguém o visse. Demorou três dias para ter certeza de que a casa estava vazia mesmo.
No quarto dia viu o único morador sentado no jardim. Nesse momento explodiram febres em sua boca, ele se apaixonou, era um monstro o morador. Deu alguns passos na direção do amado, contendo a respiração. O monstro virou e abriu um belo sorriso. Mais dois passos: Estavam se beijando, fortemente abraçados. Ele derramou algumas lágrimas que molharam as bocas, então o beijo acabou e ele estava dissecado. O Monstro abriu a boca enorme e fez um movimento rápido, com o qual arrancou a orelha esquerda dele. Um grito rasgou as vias do ar, e o sangue corria pelo pescoço, fazendo um cordão que escorria pela nuca, circundava os ossos das costelas, chegava até as covas das costas, passava pelas nádegas e empoçava perto das coxas. Era uma sensação excitante, que arrepiava os pelos de seus braços.
Correu pelos corredores, deixando o rastro sentimental. Chegou ao fundo da casa onde havia um muro gigante que, em dois movimentos, pulou sem nenhuma dificuldade. Correu com tanta força, correu com esperança, e sentia no solo as pisadas do monstro em seu encargo. Era madrugada e nem havia se dado conta de quantos monstros estavam perambulando pelas ruas. Não viu nenhum. Correu cruelmente, esfolando-se, com um choro desesperado que o fazia tremer o corpo todo, mas não parava, foi para o único lugar em que poderia sobreviver.
Chegou à sua velha casa, atravessou a portinhola e em três passadas estava no meio do salão. Tratou de trancar todas as portas e janelas. Foi até seu quarto, pegou sua arma, e montou posto em frente à entrada principal. A casa balançava inteira com os socos do monstro, que gritava pedindo passagem. Mas ele sabia que ninguém poderia chegar ali sem saber o segredo da entrada. Aquela era a única casa da cidade com cadeado de segredo, e era impossível derrubar as paredes obesas. Mas olhou pela janela e viu os olhos do monstro, cheios de água e os grunhidos de desespero que aquela besta disparava, ensurdeciam-no. Amava demais, mas se fosse salvá-lo daquela dor, morreria. Caminhou até a porta, chegou bem perto da janela, tanto que o vidro embaçava, gritou no silêncio que a surdez produzia: - Eu te amo. E num movimento circular deu dois tiros, um em cada um de seus pés. Caiu zonzo e cheio de dor. Não ouvia mais nada. Respirando com dificuldade, olhava para o cabo da arma, no qual havia um circulo de alumínio escovado como adorno. Nunca havia se visto num espelho. Foi virando a mão ao ponto que percebeu seu reflexo. Caiu em gargalhadas histéricas ao descobrir que ele também era um daqueles monstros. Rastejou-se até o quarto, subiu na cama, e com o cabo da arma deu algumas batidas no prego que tanto o incomodara, até que ele ficasse deitado. Deitou. Dormiu em casa essa e todas as noites. Nunca mais saiu e ninguém nunca entrou, e ele nunca amou tanto na vida.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Concepção, amestramento e ascensão do Imortal

Doloroso e trabalhoso é se despir.
Chegar ao zero, subtrair-lhe, para obter-se.
E não há mais tempo para mim, neles.
Não há energia e a simbiose não mata minha fome.
Estou anêmico do meu estado de ser.

Nascer-se é muito difícil.
É um parto oblíquo, uma dor indulgente.
Bisturi anti-anestésico.
Dar a luz à base de canibalismo.

Mas se há o parto,
Há o pai, o filho, e a trindade.
Hosana, hosana somos nós.
E pela indulgência da dor alcançada,
Sou fiel pregador dessa ego-religião,
Beato, santinho, sentinelazinha risonha.

De boca rançosa e língua pálida
Eu já bem deveria saber sê-lo,
Mas não tenho estado de nada, nem de cadáver
Não advogo por essa intangível bem-aventurança.

Flutuo nas minhas espumas
Danço a ultima valsa
E finalmente, quando quase purgado por inteiro,
Insemino-me de espírito, falo Amor.
E nesse fabuloso plano,
Sigo expirando, eternamente inexistindo.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Mi Yo, estimulo sexual - Meu eu, estimulo sexual

Nota: Escrevi esse texto primeiro em espanhol, não sei, acho que as palavras estavam se sonorizando mais na minha cabeça naquele momento. Mas depois, traduzi-o para Português, porque achei que devia.

Un jinete de mí mismo es lo que soy. No aquél de que se enamoran. Soy, si, aquél amigo dulce cáustico, cargado de infinitos poros por donde se sale el sudor de un sueño. De querer, de mentir, de que quiero más que un pulgar consanguíneo, pero no familiar, en mí labio. Quiero más que un abrazo dichoso, con mi brazo rodeándome, casándose la izquierda con la derecha, en el altar del hurgón pecho.

Busco la pureza que se encuentra en mi retina, pues solo así, sabré que estoy sano de paje, de amigo y de amante, me liberaré de mis prisioneros.
Si encontrar en mis pupillas aquél secreto más fibroso que una palabra, sabré entonces que ellas en verdad, dejan solamente el reflejo lacrimal de aquellos ojos que brotaran de los mismo sueños de aquellos poros. Será un rayo eterno y desvanecido en que encontraré el habla más sonante, que mudamente me diré: - Te amo. Y, sin embargo, la contesta volverá estruendosa y agudísima: -Te amo también.

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Um rebelde de mim mesmo é o que sou. Não aquele pelo qual se apaixonam. Sou sim aquele amigo doce caustico, carregado de infinitos poros por onde sai o suor de um sonho. De querer, de mentir, de que quero mais que um polegar consangüíneo, mas não familiar, em meu lábio. Quero mais que um abraço bem-aventurado, com meu braço ao meu redor, casando a esquerda com a direita, no altar do peito atiçador.

Busco a pureza que se encontra em minha retina, pois somente assim, saberei que estou são de pajem, de amigo e de amante, libertar-me-ei de meus prisioneiros.
Se encontrar em minhas pupilas o segredo mais fibroso que uma palavra, saberei então, que elas na verdade, deixam somente o reflexo lacrimal daqueles olhos que brotaram dos mesmos sonhos daqueles poros. Será um raio eterno e desvanecido em que encontrarei a fala mais forte, que mudamente me direi: - Te amo. E, não obstante, a resposta voltará estrondosa e agudíssima: - Te amo também.

domingo, 1 de julho de 2007

Oração

Em nome de mim, que tenho me esquecido,
peço, um pouco de afago.
Em nome de todos, que tenho deixado,
peço, o bom e merecido.

Que o amor não venha, mas não o deixe faltar.
Que o terror dele atormente, esquente mente.
E não o deixe me tentar, que já tenho me tentado demais!
Mas, para todos os efeitos, diga que é minha morada.

Amigo, amiga, Antonia, rogai por mim.
Senhor, senhora, Rosa, amai (por quem quiser)
Prometo não me lançar no abismo, nunca mais.
Prometo ser fiel ao neurônio.

Que esse é forte, oiuê!
Que esse mata hidra, dragão e todo exu!
Proteja minha cabeça e o peito pode expurgar, enfim.
E que deste não se faça vontade alguma, maldito.

Que assim seja,
Agora e na hora cheia de segundos.

Amem.

quarta-feira, 13 de junho de 2007

¡Harapienta Añoranza!

En el alma avivaron
la sed de lo infinito,
el ansia de esa de la muerte.
para la que un instante son los siglos...
Cansado del combate
en que luchando vivo,
alguna vez recuerdo con envidia
aquel rincón oscuro y escondido.
De aquella oscura y pálida
vida me acuerdo y digo:
"¡Oh, qué amor tan callado el de la muerte!
¡Qué sueño el del sepulcro tan [almatranquilo]!
Como la brisa que la sangre orea
sobre el oscuro campo de batalla,
cargada de perfumes y armonías
en el silencio de la noche vaga;
Simbolo del dolor y la ternura
del bardo inglés en el horrible drama
bebe yo, el Boticario
la rica salvación del amor frátido.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Amor ou Totó

Naquela avenida ele mora
longe, meio sonolento
Te devora

E eu, que nem sabia que podia
dei de comer e de beber
inocente, sabia que cresceria.

Como num filme trash
ele se mexe um pouco
e de pelúcia vira um monstro

Me devora agora, não mais a ti
Rasga, puxa e mastiga
Tira as córneas, os dedos e a língua,
Mas o coração faz questão, este fica.

Uma, duas, três batidas
Estou dilacerado e pulsante
Estou viciado e vicerado.
Estou credo, semi morto.

Tão forte dói, que não dói.
Eu levanto, sorrio, agradeço.
Coloco-o dentro da minha grande sacola
Tranco-o dentro do meu viveiro

Mesmo que chore a noite toda
Mesmo que ladre, alarde, arde.
Fica preso, não aceso.
Fico puro, luto, fico seguro.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Risos

É e mesmo assim
uma pontada, um visgo de amargura,
ou de insegurança e começa o riso.
Rio amaro

Por()que me preocupo com aquilo que não faz parte de mim,
mas infelizmente eu não sou auto suficiente,
se conseguisse viver só de mim
me beberia todos os dias, e tudo seria fácil,
mas é que todos e tudo ao meu redor me atingem,
e me ferem,
de morte,
muitas vezes,
retalhado.
Ainda que por conta disso,
eu já tenha desenvolvido uma boa carapaça.
Existem aqueles que conseguem perpassá()
Lá porque eu deixo,
outros que conseguem chegar a mim sem que eu permita,
esses são fortes!

Daquele riso, que parece sair
com naturalidade e furor, fica em:
Mim, na verdade, o emblema das rugas que me faz nos olhos.
São meus dentes
amarelos
tentando morder um pedaço de alegria
espostejando o mínimo desse desejo de feliz,
mas quando sento com o homem sorridente,
vejo um desespero manho, tamanho desmentido, desmedido é ele em eu.
Um pouco alcoolizado de entusiasmo,
claro!
Um entusiasmo divino,
assim existe,

na crença e na vontade empirica.
Meu Deus existe.

Acho que poderia deixar os clichés e pensar nas coisas de uma forma simples,
veja.
Assim é o mundo,
as pessoas riem quando choram,
ainda que sem lagrimas,
outras lacrimejam quando riem,
logo, são coisas completamente interligadas. De acordo?
Mas seria demasiada banalidade,
verdade,
se que quando estou gripado,
meu olho não para de lacrimejar e meu nariz fica cheio de catarro.
E agora, é desse catarro que eu tiraria o choro, ou choraria dele?

Não quero dizer nada com isso tudo nada,
não se me pergunte, não pergunto, do que vale qualquer coisa que eu tente
Descobrir, a única coisa que eu preciso, é,
vivenciar a experiência de parar
de rir, sorrir, de risos em risos, rasgantes, ressonantes,
riscando o rosto reto de rondas e recantos rasos.
Precisava apenas apagar esses talhos com uma gotinha de água,
Saída do espírito,
escorrendo pelo físico corpo da cara,
seca dentro da pele da alma.



(Escrevi isso agora pouco, pouco antes de criar o blog, não sei que é, mas é algo que já esxiste, afinal tem alguma forma e algum gosto, pra mim [já tinha dito isso para My.])

Sobre eu e escrever

Demorou bastante para eu criar coragem e fazer esse blog.

Fiz na intenção de escrever e mostrar coisas já escritas, normalmente muito intimas, ou que podem não fazer sentido, a não ser pra mim, ou não. Complicado?!

Sim, um pouco de mim, que pra muito sou pragmático.

Tirei o nome do Blog, de uma frase de uma das MInhas escritoras favoristas, Clarice Lispector:

"Quero pintar uma tela branca. Como se faz? É a coisa mais difícil do mundo. A nudez. O número zero. Como atingi-los? Só chegando, suponho, ao núcleo último da pessoa."

Li a frase e então decidi começar essa qualquer pintura.

É um espaço que pretendo usar sem me preoculpar emrelação a sanções, julgamentos, enfim. É apenas uma vontade grande que me deu de mostrar pra alguém que queira ler, essas coisas que ando escrevendo.

Claro, e um espaço também para confraternar. Meus amigos espero tê-los também aqui, cada um que meu amigo é, sabe que é e que amo!

Sean todos bienvenidos

Sintam-se em casa,

mas não se esqueçam, que minha casa...é pelo menos um pedacinho do Inferno.

:o)